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domingo, 21 de junho de 2009

Esse é um dos Caminhos


Conforme disse em meu primeiro registro, chegou a vez de comentar: Caminhos. Também em cartaz no Centro Cultural São Paulo, somente até 02/07/2009, de terça a quinta, às 21h, no Espaço Ademar Guerra, o mesmo porão de Poe, Edgar, porém dentro de outra proposta bem diferente.
Aliás, essa é uma questão que tenho procurado observar com atenção: o entendimento das propostas cênicas. No comentário sobre Poe, Edgar eu disse que a ocupação do espaço é muito interessante. Em Caminhos também é, embora o que importe seja apenas 4 paredes, um espaço até que bem pequeno do grande porão.
O espaço cênico, composto por pufs e almofadas sobre alguns tapetes, abriga atores e público. Ao chegar ao ambiente, é difícil identificar os atores, a ponto de que quando o primeiro começou a contar sua história, fiquei em dúvida se não se tratava de uma pessoa da plateia. Havia muita verdade em suas palavras. Ponto positivo!!!
Na sinopse do espetáculo, ele é tido como um poema dramático. Não encontro melhor definição, pois ele é exatamente isso: atores, totalmente despidos de personagens, colocando sua cara a bater por meio de questões que nos tocam fundo e causam muita reflexão sobre o dia-a-dia, o homem da contemporaneidade, relações etc.
O ponto forte, em minha opinião, é a disponibilidade dos atores. Eles estão o tempo todo com a plateia, olhando em nossos olhos. E houve muita verdade durante grande parte do espetáculo (apenas alguns tropeços ou um ou outro ator mais verdadeiro, mas que não chega a prejudicar o conjunto).
Cada ator usava uma máscara quase imperceptível, composta por um ponto de lápis próximo a cada olho. Como recentemente comecei a estudar um pouco sobre clown e fui assistir ao espetáculo justamente para conhecer o trabalho da diretora que é uma das pessoas que trabalha ou trabalhou com grandes artistas clownescos ou palhaços (quase todo o pessoal do Jogando no Quintal, por exemplo), observei essa sutileza, o que me fez refletir sobre o estado do clown e entender melhor algumas coisas: aqueles atores utilizavam essa técnica para fazer um drama profundíssimo (que, inclusive, tinha momentos engraçadíssimos, mas no todo, não seria classificado, pelos critérios padrão, como uma comédia).
Eu diria que a simplicidade, atrelada a um belo acabamento estético também são características desse trabalho. Um amigo meu, disse que achou o espetáculo longo, já que após 15 minutos já tinha entendido tudo. Eu continuei tocado por muito mais tempo. Ainda assim, talvez enxugar um pouco fosse uma alternativa, mas eu não saberia dizer o que enxugar. Quando eu tinha a sensação de que não havia mais caminhos a serem explorados, novos elementos surgiam, abrindo novos campos de reflexão.
Mas acho que o final é um problema. Como já disse, espetáculo nos leva a muitas reflexões. Permanecemos sentados no chão ou em almofadas ou pufs durante todo o tempo e no final, não há um black-out ou o “momento de bater palmas”. Até aí, acho ótimo. É muito claro que faz parte da proposta. Mas o problema é que, embora hajam diversos elementos indicadores de que o espetáculo terminou, percebi que não fui somente eu que não tive vontade de levantar. Deu uma certa preguiça, uma depressãozinha, pois o conteúdo ali exposto é provocador e não te deixa à vontade nem pra levantar e ir embora quando tudo já terminou. Permanece a dúvida: será que terminou mesmo?
Fui o primeiro a sair, em um momento que os atores convidavam algumas pessoas para verem alguns LPs. Talvez eu tenha causado a impressão de descontente para alguns, mas não foi nada disso. Repito: estava claríssimo que essa era a proposta para o final, mas eu questiono essa opção, pois se eu não tivesse entendido, eu poderia ter ficado lá por algumas horas.
Mais um trabalho que recomendo!!!! E creio que mesmo quem não goste da proposta, sai do espetáculo refletindo sobre várias coisas, o que faz com que o espetáculo fique em minha lista de preferidos dos últimos tempos.

CAMINHOS. Grupo: Konan e os Bárbaros Cia. Teatral – texto: Rubens Rewald – direção: Cristiane Paoli Quito – elenco: Camila Minhoto, Gabriela Germano, Fernanda Castello Branco, Fabrício Licursi, Luciana Paes e Thiago Amaral.

2 comentários:

  1. Oi Dri, adorei!
    Parabéns pelo blog!!!
    E fique feliz em saber desta sua iniciativa. Vou acompanhar os textos! e fique com vontade de ir assistir este espetáculo.
    beijo grande

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  2. Waldeca,

    Que bom que passou por aqui. Aliás, as portas permanecerão abertas. O objetivo desse espaço é justamente o de provocar reflexões sobre o teatro que estamos assistindo, fazendo, pensando. Após assistir a esse espetáculo, fique à vontade pra voltar e comentar aqui também suas impressões.

    Beijos,
    Dri

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