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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Off Teatro: Projeto de Lei obriga políticos a matricularem filhos em escolas públicas

Criei esse blog exclusivamente para falar sobre teatro. No entanto, acabo de receber o e-mail abaixo e resolvi publicá-lo por aqui como uma forma de dar a minha contribuição para que o PROJETO DE LEI DO SENADO, Nº 480 de 2007 (vide site: http://www.senado.gov.br/sf/atividade/Materia/detalhes.asp?p_cod_mate=82166 ) possa ser aprovado.


Olá pessoal,

Seguem informações sobre este interessante e polêmico projeto de lei:

Projeto obriga políticos a matricularem seus filhos em Escolas públicas.

Uma idéia muito boa do Senador Cristovam Buarque. Ele apresentou um projeto de lei propondo que todo político eleito (vereador, prefeito, deputado, etc.) seja obrigado a colocar os filhos na escola pública. As conseqüências seriam as melhores possíveis.. Quando os políticos se virem obrigados a colocar seus filhos na escola pública, a qualidade do ensino no país irá melhorar. E todos sabem das implicações decorrentes do ensino público que temos no Brasil.

SE VOCÊ CONCORDA COM A IDÉIA DO SENADOR, DIVULGUE ESSA MENSAGEM. Ela pode, realmente, mudar a realidade do nosso país. O projeto PASSARÁ, SE HOUVER A PRESSÃO DA OPINIÃO PÚBLICA.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Pequena gralha - agarrada num traço a lápis

Eu não poderia deixar de falar nesse espaço do Grupo Lume. Embora eu não conheça tão a fundo seu trabalho, durante um tempo significativo de minha trajetória, grande parte do treinamento físico que realizei proveio de uma pesquisadora que bebeu muito dessa fonte campineira: Cátia Massotti. Então falemos do espetáculo KAVKA – agarrado num traço a lápis, que permanece em cartaz no SESC Consolação (Teatro Anchieta) até 02/08 (ou, de acordo com o site do SESC, seria dia 24/08?).

Começo pelo ponto mais forte: as formas. A beleza formal do espetáculo é de deixar de queixo caído. O corpo de Ricardo Puccetti nesse seu monólogo é extremamente vivo e pulsante. Cada movimento, totalmente coreografado e incrustado de organicidade, gera seu significado próprio.

Tudo vai muito bem até começar o texto. A impressão que tenho é que nenhuma palavra precisaria ser dita, diante de formas que comunicam tão bem. Parece que não há conexão entre fala e forma, o que gera uma poluição. O enredo passa a ficar quase desconexo, de difícil entendimento, o que resulta em mais um trabalho que chamo de cabeção.

O espetáculo o tempo todo me remeteu à dança. Após terminar, quando peguei o programa, me deparei com uma sinopse que explica tratar-se de uma noite imaginária em que Franz Kafka “mergulha em seu mundo interior”. Novamente o que considero o elemento presente na maioria dos espetáculos de dança: a subjetividade. Como falar concretamente do inconcreto?

É mais um espetáculo que me aflora questões de dramaturgia em seus diversos campos: da cena, do ator, do texto. E nesse sentido, minha vontade é de correr pros braços de Denise Stoklos!!!

Independentemente de qualquer coisa, KAVKA (que significa pequena gralha) – agarrado num traço a lápis é um espetáculo que merece ser visto. Mais informações sobre o grupo, visite: http://www.lumeteatro.com.br/ (de onde foram extraídas as fotos aqui publicadas).





CRIAÇÃO E DRAMATURGIA: Ricardo Puccetti e Naomi Silman - Inspirado em fragmentos de textos de Franz Kafka e Ricardo Puccetti. ATUAÇÃO: Ricardo Puccetti. DIREÇÃO: Naomi Silman. CENOGRAFIA: Maxim Bucharetchi. MÚSICA ORIGINAL: Uri Frost. CLARINETISTA: Harold Rubin. MÚSICA INCIDENTAL: MAMBOS de Yma Sumac. DESENHO DE LUZ: Eduardo Albergaria. DIREÇÃO E MONTAGEM DE VÍDEO: Julia Zakia (Gato do Parque). FIGURINO E ACESSÓRIOS: Juliana Pfeifer. CONFECÇÃO DE FIGURINO: Sanny Rigor. INSTRUTOR DE MÁGICA: Ricardo HaradaCENOTÉCNICO: Marcos Pinto (Marcutti). PRODUÇÃO EXECUTIVA: Cynthia Margareth. REALIZAÇÃO: LUME Teatro.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Laboratório de Figurantes


Vou começar esse registro explicando meu vínculo com o espetáculo sobre o qual farei algumas colocações: OS FIGURANTES. No período de dezembro de 2007 a março de 2009, produzi a Casa Laboratório para as Artes do Teatro, grupo dirigido por Cacá Carvalho e que tem uma importante parceria com a italiana Fondazione Pontedera Teatro. Ao longo desse período, dei continuidade à vida do espetáculo O Homem Provisório durante 6 meses, que deu lugar ao projeto A CASA ABERTA: um convite à visitação de mestres e aprendizes, financiado pelo Programa de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo. Produzi integralmente uma série de oficinas, palestras e workshops com artistas do Rio de Janeiro, Bahia, Itália, Polônia e Cingapura. Foi um trabalho intenso que não previa a montagem de um espetáculo, mas inevitavelmente gerou o embrião de Os Figurantes.

Durante o processo de pesquisa e montagem, e enquanto eu ainda produzia o grupo, o espetáculo teve seu processo aberto em dois momentos: o primeiro enquanto um SARAU CÊNICO e o segundo, marcando a finalização do Fomento, foi intitulado 1º ES TUDO URBANO. Três meses e meio depois, no caso hoje, assisto ao trabalho pronto que agora é OS FIGURANTES.

Sobre o trabalho, posso dizer que é uma experimentação muito diferente das anteriores - A Sombra de Quixote (partiu de Dom Quixote, de Cervantes) e O Homem Provisório (teve como ponto de partida Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa). Agora não houve um texto único que servisse de estímulo inicial: cada ator escolheu livremente um texto e apresentou uma cena ao diretor. A partir de então, iniciou-se um processo de colagens e uma nova dramaturgia passou a ser escrita (com a presença de Cláudia Barral em princípio e finalização dos próprios atores).

Como resultado temos um trabalho que não conta uma história, mas expõe sete trajetórias. Sete figurantes, que emocionam trazendo à tona suas questões, as quais nos remetem ao nosso próprio dia-a-dia (lembre-se que tudo partiu de um estudo sobre o urbano). Enquanto o protagonista tudo observa do alto, com a liberdade que seu “habitat” lhe permite. A parceria entre Márcio Medina (espaço e figurinos) e Fábio Retti (luz) se repete e novamente resulta numa sincronia muito bela. É um trabalho que faz valer o nome Casa Laboratório.

Em cartaz na Rua Conselheiro Brotero, 182, Barra Funda, São Paulo (atual sede do grupo – praticamente construída por mim), de quinta a sábado, às 21h, e aos domingos, às 19h, até o dia 09/08/2009. Reservas devem ser feitas pelo e-mail: reservas@casalaboratorio.com.br ou pelo telefone: 3661-0068.


Direção Artística: Cacá Carvalho. Elenco: Daniel Ribeiro, Joana Levi, Juliana Grave, Laila Garin, Leonardo Ventura, Marcelo Valente e Raquel Tamaio. Espaço e Figurino: Márcio Medina. Luz: Fábio Retti. Dramaturgia: Cláudia Barral e Elenco. Concepção de Trilha Sonora: Ernani Napolitano. Assessoria de Imprensa: Adriana Monteiro. Produção Executiva: Pedro de Freitas/Périplo Produções Culturais. Assistência de Produção: Lívia Gabriel. Coordenação de Produção: Carla Pollastrelli. Colaboração Artística: Roberto Bacci. Foto: Divulgação / Fábio Alcover. Realização: Casa Laboratório para as Artes do Teatro e Fondazione Pontedera Teatro.

domingo, 12 de julho de 2009

Mais uma história de MARIA. E assim o teatro PEREGRINA.


“Uma história graciosa”, no melhor sentido da palavra, define o espetáculo Maria Peregrina. Com 9 anos de estrada e muitos prêmios, esse trabalho é uma demonstração de exploração da contação de uma história partindo do narrador, que olha no fundo dos seus olhos, e do personagem, que ilustra a cena. Com quebras excelentes e algumas piadas nos momentos adequados.

Ao entrar na semi-arena do histórico Teatro de Arena Eugênio Kusnet, um clima de doce alegria seduz o público, que permanece com esse semblante até o final do espetáculo. Em menos de uma hora, um misto de elementos teatrais bem sincronizados comunica o que se propõe de forma poética. E sem utilizar o recurso da história de final feliz ou da mensagem de caráter moral.

A cada dia que passa tenho mais certeza de que a simplicidade no teatro é sinônimo de beleza. E isso prova como o gosto pessoal não é importante: o teatro é muito mais. Digo isso, pois eu não teria optado pelos cenários e figurinos escolhidos, assim como também a temática não é a que mais me atrai. No entanto nada disso tem importância, uma vez que o espetáculo é costurado de uma forma tão objetiva, que todos os signos tem um porquê de ser. Sem contar o mais importante: saio de lá refletindo sobre como são construídas as verdades. Ponto positivo!!!

Meu ponto negativo vai para o funcionário da Funarte, que obviamente não entendeu o espírito do espetáculo. O rapaz indicou que o público não se espalhasse pela platéia para “não dispersar”. Resultado: os próprios atores sentiram-se incomodados ao ver a plateia aglutinada da porta ao meio do teatro.
Maria Peregrina fica em cartaz só mais essa semana (até 19/07/2009): sexta e sábado às 21h e domingo às 19h, no Teatro de Arena Eugênio Kusnet (Rua Teodoro Baima, 94 - Vila Buarque / SP). Visite também o blog da Cia. Teatro da Cidade, responsável pelo trabalho: http://ciateatrodacidade.blogspot.com/ .


Texto: Luís Alberto de Abreu. Direção: Claudio Mendel. Elenco: Adriana Barja, Conceição de Castro, Caren Ruaro, André Ravasco, Tamara Cardoso e Vander Palma. Direção musical: Márcio de Oliveira. Cenário, figurino e adereços: Carlos Eduardo Colabone. Iluminação: Daniel Augusto e Claudio Mendel. Produção executiva: Carla Maciel. Fotógrafo: Tito Oliveira (as fotos aqui expostas são de Paulo Arias).

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A boa farsa dá preguiça

Hoje, aplaudo de pé a genialidade de Ariano Suassuna, pois acabo de conhecer mais um texto seu tão maravilhoso: A FARSA DA BOA PREGUIÇA!!!

Sou muito grato à versão que se encontra em cartaz no SESC Vila Mariana, pois me fez enxergar o quanto um dramaturgo pode ser generoso. Nesse texto, Ariano Suassuna mais uma vez estimula a criação: personagens bem desenhados, um enredo de piadas bem ajustadas, uma musicalidade implícita... enfim divertidíssimo!!! Um real convite à experimentação!!!

Uma pena que de tantos profissionais envolvidos, somente uma atriz tenha entendido a pegada do dramaturgo. Triste assistir a um musical que não tem sonoplastia, que possui uns 2 ou 3 momentos musicados (e bem tímidos) e cujo trabalho vocal peca na articulação das palavras. Que possui uma iluminação que sequer tem a sensibilidade de acender a plateia em uma cena na qual o ator vai até o público. Pena que o cenário de tão batido, e em um palco tão grande, reduz o espaço cênico. Ou que os figurinos dêem a sensação de que os atores utilizam pijamas em cena.

Teatro definitivamente não se resume a um bom texto ou à bela criação de uma única atriz (quando se há vários outros companheiros em cena). Se teatro é o que se vê, entende-se que é necessária uma harmonia dos elementos.

Fazer rir com um texto tão bom, não é muito difícil. Mas e qual é a qualidade desse riso? O meu era um risinho de canto de boca. Tive a impressão de que muita gente se esforçava para achar a graça (e com certeza, a gente alcança aquilo que almeja).

Parece que ultimamente o SESC tem dado preferência aos globais mesmo. Estou enganado ou nos últimos tempos cresceu significativamente o número de espetáculos com gente de TV? Não desmerecendo artistas com o gabarito de Fernanda Montenegro (ihhh... quando fui comprar meu ingresso, já havia esgotado!) ou Sérgio Britto (que no auge de seus mais de 80 anos, experimenta de verdade e se expõe com dois Becketts). E de uma hora para a outra, esse mesmo SESC resolve não dar mais desconto para a classe artística na compra de ingressos para alguns de seus espetáculos (aliás, eu adoraria saber o motivo, já que os grandes nomes do teatro, apenas aqueles que são amiguinhos da turma, não precisam de desconto: ganham convites). E permanecem contratações caríssimas para uns e irrisórias (quando efetivadas) para outros. Será que alguém poderia me explicar o que acontece?

Para garantir a dialética, segue o link de uma crítica de Barbara Heliodora para o jornal O GLOBO, que classifica a encenação aqui comentada como “a melhor já feita da obra de Suassuna”: http://oglobo.globo.com/cultura/rioshow/mat/2009/04/23/encenacao-de-farsa-da-boa-preguica-a-melhor-ja-feita-da-obra-de-ariano-suassuna-755404468.asp . Lá, a ficha técnica também é mencionada, por isso (e porque estou com preguiça) não disponibilizarei aqui.

E que venham mais comentários!!!

















No endereço:
há detalhes da temporada paulistana. Que preguiça!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Duas vezes teatro na noite mais fria do ano

Uma peça de teatro termina. É o momento das palmas. O ator agradece, mas o público não sai porque começa o momento da revelação (não, não é a novela do SBT, embora ela seja citada): aquilo não passava de teatro. Mas o momento a partir da revelação, esse “agora”, também não é teatro?

Certa vez me disseram que a vida é muito mais interessante que o teatro. Nessa semana, ouvi que o teatro é uma oportunidade para criarmos algo além da vida. Acredito que essas duas ideias estão presentes no espetáculo A NOITE MAIS FRIA DO ANO. Uma peça que brinca com o teatro e com a vida.

Se o tema é complexo para os artistas, imagina para o público que não freqüenta teatro - seria a minha primeira colocação se eu lesse os dois parágrafos acima. Mas esse trabalho apenas usa o teatro para colocar em xeque relacionamentos amorosos; o amor enquanto apego ou doença; o homem enquanto um ser que manipula sentimentos, mente, blefa.

Um Bortolloto de poucos palavrões. Um parlapatão chorando em cena: o mesmo palhaço (nesse trabalho sem qualquer indumentária) que faz rir durante boa parte do tempo, também chora e dá vida a um homem dramaticamente apaixonado. Tais ingredientes, somados a tantos outros, comunica aquilo a que se propõe. E a(s) história(s) encenada(s) é(são) só pretexto(s).

A NOITE MAIS FRIA DO ANO.
Texto e direção: Marcelo Rubens Paiva. Co-Direção: Fernanda D’Umbra. Elenco: Alex Gruli, Hugo Possolo, Mário Bortolotto e Paula Cohen. Produção Executiva: Anna Cecília Junqueira. Assistência de Produção: Larissa Orlow e Edu Reyes. Luz e Fotografia: Rui Mendes e Lu Barone. Cenografia: Zé Carratu. Sonoplastia: Aline Meyer e Marcelo Rubens Paiva. Colaboração: Mário Bortolotto. Programação Visual: Richard Kóvacs. Em cartaz no Espaço Parlapatões (Pça. Roosevelt, 158 – Centro – São Paulo) até 29/07, terças e quartas às 21h.