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quinta-feira, 25 de junho de 2009

Calendário da Stoklos

Que medo! Escrever sobre Denise Stoklos é muita responsabilidade. O que falar sobre uma artista que cumpre aquilo a que se propõe de forma tão poética e provocadora?

Há cerca de 3 semanas assisti a Calendário da Pedra (foto de Thais Stoklos, extraída do site: http://denisestoklos.uol.com.br). Fiquei em estado de choque. E agora, relendo o texto (comprei o livro do espetáculo) e sentado em frente ao computador, percebo que não tenho muito a dizer: continuo boquiaberto.

Um espetáculo que utiliza como único elemento de cena, uma pedra (ou uma cama). Inserções sonoras e luz afinadíssimas. Uma autora. Uma diretora. Uma atriz. 3 em 1: o teatro essencial!

Lá, tudo tem um porquê de ser. A organicidade das sequências de movimentos coreografados ou das falas, não morre no belo: tem vida própria, faz rir, faz chorar. Teria tudo pra ser cabeção, para uma elite dos ditos iniciados no teatro. Mas não é!!! É simples!!! E em minha opinião, o que faz uma grande obra é a simplicidade, sua capacidade de comunicação com diferentes públicos.

O enredo trata do dia-a-dia de uma mulher. E numa espécie de prólogo, ela deixa claro que não se trata de uma personagem, a mulher poderia ser qualquer pessoa. E é verdade!!! Em cena, essa mulher é a “persona” que a artista utiliza para cutucar o público. Tudo em cena é muito político.

Falar sobre política em teatro, para mim, é muito instigante: detesto espetáculos de cunho político-panfletário ou aqueles cujos discursos defendem o proletariado de uma elite malvada. Eu não gosto, pois na grande maioria das vezes, usam-se argumentos tendenciosos, o que considero prejudicial, já que, nesses casos, a reflexão lançada parte de um ponto de vista que é colocado enquanto verdade absoluta.

Este não é o caso de Calendário da Pedra. A política está o tempo todo presente, mas sem as tais verdades de discurso. O público é convidado a rever conceitos o tempo todo. Aonde quer chegar uma artista que diz em cena: “Encontrei meus amigos num restaurante, conversamos, bebemos, rimos, debochamos de tudo, somos muito críticos, nada serve, concordamos, está tudo ruim. Menos o sushi e o saquê.” (trecho extraído do livro Calendário da Pedra, que contém a íntegra do texto do espetáculo)?

Não tenho mais palavras. Sugiro apenas que visite o site: http://denisestoklos.uol.com.br e ouça duas faixas sonoras de abertura da página que falam de seu teatro essencial. A partir disso, é possível entender melhor por que Denise Stoklos é uma das mais importantes artistas de teatro da atualidade. Uma artista que atingiu um nível de pesquisa cênica que poucos no mundo atingem. Uma artista completa.



CALENDÁRIO DA PEDRA. Texto, direção, dramaturgia, coreografia e interpretação: Denise Stoklos. Assistente de direção e dramaturgia, pesquisa bibliográfica e voz gravada: Antonia Ratto. Espaço cênico e vídeo:Leonardo Ceolin e Thais Stoklos Kignel. Sonoplastia: Piatã Stoklos Kignel, Thais Stoklos Kignel, Antonia Ratto, Denise Stoklos. Iluminação: Wagner Freire. Figurino: Marie Toscano. Assistente de figurino: Carolina Ferraz. Fotografia: Thais Stoklos Kignel

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