Imagine um império
Onde um único impropério
É motivo para a morte
Até do sujeito dito forte.
Regra que não cabe ao bobo
Que em nome do supremo riso
Pode ser cruel como um lobo
E a verdade expressar sem juízo.
Eis um dos precursores do palhaço
A quem dedico este humilde espaço
Para desmistificar sua função
E expor seu poder de unção.
Não se trata de personagem
Ou de simples caricatura
Raso é atrelá-lo à bobagem
Nem é psicológica criatura.
É um ser que o presente vive
Com ingenuidade e leveza
Usa lógica infantil
Para o mundo subverter.
Uma espécie de detetive
Que investiga a beleza
De forma pueril
Para criatividade verter.
Em cena seus defeitos expõe
Ao próprio ridículo não se opõe
Em nome de uma arte corajosa
Que de transformação é desejosa.
Cercado pela brincadeira
Joga sempre com a plateia
Combinação verdadeira
Que desencadeia panaceia.
Fazer rir é instrumento
Cabe a certo momento
Mas deste não é refém
Seu propósito vai além.
Não se iluda, caro leitor
Com nariz vermelho, figurino ou maquiagem
Palhaço não é só o ator
É quem tem consciência da engrenagem.
Adriano Rizk
27/06/2013